Podemos reescrever a nossa história profissional?

 

Episódio 1

Era uma vez uma menina…

As histórias começam quase sempre com “Era uma vez”. E desta vez? Desta vez, outra vez. Não há como escapar. Esta é a história de uma menina que sempre gostou de brincar com as palavras.

Dizem-me que comecei a falar cedo, era uma grande tagarela, toda explicada. Faria antever que seria uma pessoa extrovertida e muito social. Mas não. Não sei o dia em que passei da palavra falada à palavra escrita, mas sei que esse sempre foi o universo onde me sentia melhor, onde me sentia em casa, confortável.

 
 
 
 
 

O encanto pelas palavras

As palavras sempre me fascinaram. Sempre tive um encanto por descobri-las, saber o que significavam, qual a sua origem, como tinham vindo parar ao português sob essa forma. Talvez tenha sido por isso que gostei tanto da disciplina de latim na escola. Alerta Nerd! 

Sempre me maravilharam também as línguas, os vários idiomas. Quando fazem aquela pergunta: “Qual o superpoder que gostarias de ter?”, eu penso sempre que gostaria de saber todas as línguas do mundo, chegar a um país e imediatamente conseguir comunicar no seu idioma. Conseguir ficar invisível às vezes também daria algum jeito a uma introvertida confessa como eu, mas este poder de Super Babel seria muito mais útil e muito mais fixe. Podemos escrever “fixe”? Podemos. Aqui vale tudo. Até inventar palavras.

E quando eu achava que escrevia poesia? Do alto (na verdade, baixo, porque eu tenho 1,51cm) dos meus 9 anos, achava que todas as composições que tinha de fazer para a escola primária podiam ser em verso. Pobre Professora Manuela Portela, cujo nome e apelido eram também uma micro rima.

 
 
 
 

Escolha de caminhos académicos e profissionais

Na escola enveredei pela área de humanidades onde tive disciplinas de que tanto gostei, mas encantei-me também pela psicologia. Na altura de escolher o rumo a seguir perdi-me nas entrelinhas e nas pressões sociais e não fui para letras, nem para comunicação, nem para psicologia, com a ameaça das saídas profissionais como espada apontada à cabeça. 

Fui para o curso de Gestão de Recursos Humanos, na esperança que o humano fosse mais intenso que a gestão. Nem sempre foi assim. Tantas vezes ganhou o cinzento da gestão. E se eu também estudasse algo relacionado com turismo? Tem mais cor, não tem? E tem a ver com línguas, não é? Pós-graduação.

Blá blá blá, salta para trabalhei durante vários anos na área de Gestão de Recursos Humanos e de Turismo e Hotelaria, em empresas umas mais cinzentas que outras. Olhando para trás, vejo que o que mais gostei foi sempre a procura da criação de suportes, ferramentas, conteúdos, experiências que pudessem contribuir para tornar melhor e mais alegre a vida das pessoas nessas empresas. Para que pudessem viver o trabalho de forma feliz, que era o que também desejava para mim.

Demonstrações? Prefiro as de emoções às de resultados. 

Balanços? Prefiro os dos baloiços do parque quando brinco com a minha filha.

 
 

Mudança de rumo profissional

E foi mesmo quando nasceu a minha filha que resolvi mudar de rumo, aventurei-me em diferentes áreas e nos últimos anos tenho vindo a trabalhar de forma independente em projetos de criação, adaptação, tradução de suportes, conteúdos de comunicação, formação nas áreas dos recursos humanos e turismo. 

E sinto-me muito mais feliz quando posso brincar com a escrita das palavras. Este é sempre o denominador comum. Alguém ainda se lembra o que era isto do denominador comum em matemática? Eu já não me lembro bem, eu sou de letras. Não de canudo, mas de coração.

Volta e meia aventuro-me em cursos, workshops e formações que me deixem brincar com a escrita, para aprender e para me sentir mais próxima dessa vocação que sinto sempre que deixei escapar.

Entretanto, fui fazendo as pazes com as minhas escolhas e pensei: E se eu reescrevesse a minha história? E se estes dois universos pudessem conviver? Escrita e Recursos Humanos numa combinação que pudesse ajudar as pessoas a sentirem-se mais felizes e alinhadas na sua vida profissional. 

É aqui que surge a ideia da Escrivaninha - Companhia da Escrita.

 
 
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Carreira – O peso de uma escolha